sábado, 10 de outubro de 2009

Enem gera pressão positiva no ensino

09/10/2009 - Criado em 1998, o Enem visa avaliar o aprendizado dos alunos ao final do ensino médio. Nos seus primeiros anos de existência, o MEC divulgava somente as notas individuais.

Mais recentemente, as médias dos alunos de cada escola passaram a ser divulgadas. A partir delas, a imprensa elabora rankings de escolas, o que desperta muito interesse na sociedade. Esses rankings são importantes para os pais escolherem melhor a escola dos filhos. Isso gera pressão pela melhoria do ensino nas escolas que não vão bem, o que tende a melhorar o nível do ensino como um todo.

Os resultados do Enem nos permitem ainda comparar o desempenho das escolas públicas e privadas, para que possamos conhecer a distância entre elas e ajudar os gestores do sistema público a tomar suas decisões de políticas educacionais. Obviamente, os pais têm que levar em conta outros fatores.

Os resultados do Enem refletem tanto a qualidade do ensino na escola como a composição dos seus alunos. Escolas que atraem as famílias mais ricas e escolarizadas podem continuar tendo um resultado positivo, mesmo que a qualidade do seu ensino tenha caído. Além disso, é preciso comparar a mensalidade da escola com sua média no Enem, pois muitas vezes os custos são elevados face ao desempenho obtido.

Com os percalços na edição deste ano, algumas universidades deixarão de usar o Enem como critério de admissão. Será que isso vai diminuir o comparecimento dos alunos e, com isso, alterar significativamente os rankings das escolas? Não acredito. Várias faculdades importantes e universidades federais continuarão a usar o exame como critério. Além disso, as boas escolas irão pressionar seus alunos a comparecerem.

O furto das provas foi uma fatalidade, que ocorreu devido à importância que o Enem ganhou a partir deste ano. Isso afetará a credibilidade do exame no curto prazo, mas ela pode ser recuperada no futuro. Divulgar as médias por escola é uma boa ideia, assim como aumentar a escopo do exame e usá-lo como substituto para os vestibulares tradicionais. Essas mudanças foram importantes e, com as alterações na logística do exame para torná-lo mais seguro, deverão prevalecer.

NAÉRCIO MENEZES FILHO é doutor em economia pela Universidade de Londres, professor titular (cátedra IFB) e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e professor da FEA-USP.

Fonte: Folha de São Paulo

domingo, 4 de outubro de 2009

17 milhões de brasileiros já venderam o voto

RIO - Pesquisa Datafolha feita em todo o país revelou que o brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção. O levantamento mostrou que 13% dos brasileiros admitem já ter trocado o seu voto por dinheiro, emprego ou presente. Esse percentual corresponde a cerca de 17 milhões de pessoas maiores de 16 anos em um universo de 132 milhões de eleitores.

Alguns declararam ter cometido essas práticas de forma concomitante. Separados por benefício, 10% mudaram o voto em troca de emprego ou favor; 6% em troca de dinheiro; 5% em troca de presente. Ao mesmo tempo, 94% dizem que é errado oferecer propina e 94% concordam ser repreensível vender voto.

Dos entrevistados, 12% afirmam que estão dispostos a aceitar dinheiro para mudar sua opção eleitoral; 79% acreditam que os eleitores vendem seus votos; e 33% dos brasileiros concordam com a ideia de que não se faz política sem um pouco de corrupção. Para 92%, há corrupção no Congresso e nos partidos políticos e para 88%, na Presidência da República e nos ministérios.

Prática ilegítima
Entre os entrevistados, 83% admitiram ter cometido pelo menos uma prática ilegítima. No Brasil, 13% ouviram pedido de propina, e 36% destes pagaram; 5% ofereceram propina a funcionário público; 4% pagaram para serem atendidos antes em serviço público de saúde; 2% compraram carteira de motorista; e 1%, diploma.

Fonte: Folha de São Paulo